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Mendicância é vivenciada por acadêmicos de Jornalismo em Investigação Antropológica
Mendicância é vivenciada por acadêmicos de Jornalismo em Investigação Antropológica
28/06/2007 15:39:33
por Coordenadoria de Comunicação Social

Em uma experiência inédita, os acadêmicos do curso de Jornalismo da Unemat de Alto Araguaia vivenciaram, no último dia 23, um dia de mendicância. A idéia dos estudantes do 1º semestre, Erivaldo, Luiz, Nabson, Ricardo e Rogério foi de passar por mendigos nas ruas de Rondonópolis para compreender o cotidiano dessas pessoas e o preconceito que sofrem da sociedade.

A proposta do trabalho era fazer uma pesquisa de Observação Participante para a disciplina de Antropologia e Comunicação, ministrada pelo Prof. Ms. Fábio Lopes Alves. Dentre as várias opções, o tema foi o mais inusitado e se tornou um grande desafio para quem desejava conhecer a difícil realidade dos moradores de rua. O estudo foi realizado com base na teoria Antropológica Funcionalista.

A atividade começou logo cedo. Às 2 horas da manhã todos estavam vestidos a caráter e se dirigiram até a Praça dos Carreiros no centro da cidade de Rondonópolis. Segundo Erivaldo Paes, a primeira dificuldade foi fazer contato com os mendigos da cidades. Os acadêmicos se apresentaram a eles como cortadores de cana em busca de trabalho e se juntaram aos demais, obtendo direito a dormir em papelão doado pelos próprios mendigos.

Os alunos puderam perceber um ambiente de irmandade, com gírias próprias como “manguiá” que significa pedir, roubar, enfim, conseguir algo de alguma forma. Como todo grupo, havia também a figura de um líder conhecido por “Doidim”, responsável pela compra de bebidas e aquisição de drogas.

Rogério Vilela observou que a necessidade de comida fica em segundo plano, já que os moradores de rua se preocupam desde cedo em consumir drogas como maconha e crack. A pinga também é uma companhia diária do grupo e o conselho do “Cuiabano”, um dos mendigos, é para “tomar logo” antes que a polícia chegue e jogue o “carotinho” de pinga fora.

O papel da polícia é de repressão às práticas dos andarilhos, de acordo com o acadêmico Nabson Nattan, as abordagens foram agressivas com o grupo de estudantes. Por outro lado, "após nos identificarmos, o apoio policial foi fundamental para a nossa proteção”

Diante dessa rotina de vida, os comerciantes e as pessoas que circulam naquele local não aceitam a presença dos mendigos perto das lojas e evitam qualquer conversa. Até mesmo “quando eu abri meu carro para pegar a filmadora, vendedores da loja chamaram a polícia achando que o veículo estava sendo roubado”, comenta Ricardo Lacerda.

Como num todo, os alunos afirmam que a postura diante dessa mesma realidade foi mudada, não há mais preconceito e rejeição a essas pessoas. Esse contato próximo, de acordo com Luiz Pereira, “deu a visão de que, apesar das diferenças, os mendigos são seres humanos como nós”.

Texto: Professor Leandro Eduardo Wick Gomes

Postada por: Elaine Tortorelli/ Coordecom- Unemat

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